DESTINO
Baldeando o tempo num upa
O pensamento muda e disforma
Fica, vai e retorna
Trazendo imagens distantes
Momentos que foram instantes
Na hora, nem tão apreciados
Mas agora, depois de lembrados
Parecem bem mais importantes
Trazendo pro agora, o antes
De um hoje, que virou passado
Quando se pára pra pensar na vida
Se vislumbra a teia do tempo
E como magia, nesse momento
Se entende porque alguns caminhos
Que, às vezes, cruzamos sozinhos
Parecem que estavam traçados
E que até já os havíamos cruzado
Em tempos que já não lembramos
Que sem escolha pra trás deixamos
Mas no fim estarão enlaçados
Por mais que se escolha na vida
O resultado tende a ser o mesmo
Ninguém vive a esmo
Cada um tem seus objetivos
Dos mais sofisticados aos primitivos
Todos temos vontade
E até a desigualdade
É uma prova de coerência
Quando adquirimos a consciência
De que o fim é uma realidade
Nossa vida é um roteiro
Que pode ter mil reviravoltas
Mas, por mais que o mundo faça voltas
Sempre seguimos o rumo
E acertamos, novamente, o prumo
De acordo com o peso do fardo
No escuro, todo pelo é pardo
No clarear, enxergamos o horizonte
Do pouco fazemos um monte
E pra seguir em frente, eu não tardo
Embaixo de alguma pedra
Há de estar nosso destino
Descrito como num hino
Marcando nossa existência
Seguindo certa coerência
Relatos de quando em quando
A vida se vai levando
Como se nada soubéssemos
Mas, por mais que nós fizéssemos
O que está escrito, se vai realizando
Então, o que penso está dito
Não creio que tenhamos a rédea
E nem podemos fazer média
Com aquilo que está traçado
Cada um já nasce fadado
A cumprir seu papel neste chão
E por mais que tenha a ilusão
De manter sua vida guiada
Quando o índio está na chamada
É o destino que dá o tirão.
Leandro da Silva Melo
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