SOLITO
Me pego escutando o silêncio
Olhando a macega crescer
Será esse o viver
Até o fim de meus dias?
De minhas parcerias
Só restou o meu cusco
Dormindo, num lusco-fusco
De vez em quando acorda
E vira pra outra borda
Vivendo a vida que busco
A patroa se foi, faz tempo
O guri já ganhou o mundo
E eu, num jeitão vagabundo
Sigo uma rotina perversa
Com a qual não tem conversa
E nem tem parceria
Só uma casa vazia
Com seus estalos e ruídos
Nem dos bois há os mugidos
E eu me sinto sem serventia
Ah, se eu pudesse voltar
Viver a vida de outro jeito
Encarar, estufando o peito
Tudo aquilo que eu não fiz
Talvez eu fosse mais feliz
Por ter vivido mais a vida
E não tê-la perdida
Escolhendo o melhor dos caminhos
Porque agora, sozinho
Eu vejo o quanto será sofrida
A idade chega e não tarda
Tu sentes no lombo os puaços
Não tens mais força nos braços
Todos vão rindo de ti
E de tudo aquilo que vi
O desrespeito é o que mais machuca
Como uma picada de mutuca
Tu reages num pensamento severo
E como faz o Quero-quero
Desorienta num grito que educa
Mas o tempo foi e não volta
O passado já ficou pra história
Muita coisa, nem mais de memória,
Eu lembro daquilo que fiz
Só sei que tentei ser feliz
E fui, com família e amigos
E agora, pra todos, lhes digo
Obrigado por acreditarem em mim
E me fazerem feliz assim
Pelos caminhos que ainda sigo.
Leandro da Silva Melo
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