quarta-feira, 13 de março de 2013

Deus fogo

DEUS FOGO


Assim que descobriu o fogo
O homem inventou o assado
E viu o mundo alterado
No domínio dessa ciência
Pra fazer fogo hay de ter paciência
De se esperar um raio nos dias de tempestade
À roçar gravetos ou pedras na mesma Idade
Pra muitos, o fogo é um Deus
E hoje, iluminando breus
Resgata um tempo que deixou saudade

Usado como arma de guerra
Inspirou vilões e mocinhos
Que o atearam pelo caminho
Destruindo fundações
Campos, matas e plantações
Mas ao tempo que queimava
A terra, então, preparava
Adubando-a com cinza e história
Mesclando povos e glórias
Nas gerações que lá vingava

E foi assim, de antepassados
Que recebemos esta rica herança
Que aprendemos desde criança
A respeitar, sem brincadeira
Pois o aviso vinha de primeira
Quem brinca com fogo mija na cama
E o pior de tudo era ter a fama
De guri cagado e mijão
E ainda se pode queimar a mão
Por alguém que a gente ama

Mas o maior legado de todos
É o assar do nosso churrasco
Nas estradas marcadas de casco
Na sombra da grande figueira
Se prepara, no início, a fogueira
Depois, vira só um braseiro
E a alma do índio campeiro
Tal qual as labaredas
Passeia pelas veredas
Exalando do churrasco seu cheiro

Tem muitos que acham, até
Que o aroma da carne na brasa
Traz consigo um cheiro de casa
De quando éramos guri
Todos reunidos ali
Ao redor da churrasqueira
olhando queimar a madeira
Numa terna comunhão de famílias
Pais, mães, filhos e filhas
Numa irmandade que não tem fronteira.


Leandro da Silva Melo

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