quarta-feira, 13 de março de 2013

Pedras do caminho

PEDRAS DO CAMINHO


Muitos falam de pedras
Que encontramos nos caminhos
Que atiram em passarinhos
Ou que jogam nas vidraças
Usadas até na desgraça
Em apedrejamentos cruéis
Onde se dizem fiéis
A uma cultura covarde
Onde o ódio pulsa e arde
Matando os infiéis

Gosto de pensar nas pedras
Erguendo habitações
Encantando corações
Pontilhando belos caminhos
Marcos arredondados e branquinhos
Traçando por entre as matas
O caminhar de quatro patas
De uma gigante altaneira
É a mãe natureza faceira
Se exibindo de forma abstrata

Mas algo de novo ocorreu
Descobri uma pedra só minha
Que eu nem sabia que tinha
Mas ela se mostrou pra mim
Decidiu sair do meu rim
E partir de ruma à bexiga
E iniciou então uma briga
Pra descer por um caminho estreito
E num ponto não teve mais jeito
E era dor, da lombar à barriga

Era um final de tarde
Pra mim, começou como do nada
A musculatura parecia travada
Dor nas costas e pra caminhar
Quase tive que renguear
Mal conseguia dirigir
Me concentrei e disse: vou ir
Janela aberta, ar ligado, respira fundo
Concentra no caminho, esquece o mundo
Só assim pude conseguir

Maria me levou pra clínica
Lá não perderam nem um momento
De cara pro medicamento
Demorou pra fazer efeito
Mas depois apaguei de um jeito
E dormi por mais de hora
A dor se foi embora
Mas fui avisado que iria voltar
E a solução seria internar
Pra tirar aquela pedra pra fora

E foi assim que se deu
O laser estilhaçando a dita
Como rocha que vira brita
Saiu lá de dentro em pedaços
Findando latejar e puaços
Momentos que lembro ao escrever
Mas que espero nunca mais ter
Apesar de saber que é da vida
Ultrapassar etapa dolorida
Pra dar mais valor ao prazer.


Leandro da Silva Melo



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