quinta-feira, 26 de julho de 2012
Raízes
RAÍZES
Quando se abre a porteira do mundo
Pro Índio que vive aquerenciado
Ressurge um animal mal-domado
Que se vê livre da encilha
Fazendo seu mundo, sua trilha
Calando fundo sua marca
Como a água da chuva que encharca
Se espraiando por todo lado
Mas deixando o traçado
Num rio, como uma barca
Pra uns, saiu sem rumo
Pra outros, não sabe onde vai
Mas ele sabe que quando sai
Do seu chão enraizado
Vai buscar em outros lados
O que aqui não encontrou
Mas nem por isso o que deixou
Vai ficar no esquecimento
E como a trançar tentos
Vai recordando o que ficou
Foram amigos, família e momentos
Coisas que não se apagam da mente
De vez em quando, num repente
Aparecem emoldurados
Em pensamentos revelados
Como em fotos antigas da lida
Trazendo de volta uma vida
Que já faz parte do passado
Mas que anda sempre ao nosso lado
Em recuerdos e saudade contida
O campeiro não se ilude
Sabe que os tempos são outros
E assim como os potros
Corre xucro contra o vento
Apreciando cada momento
Na construção de uma nova era
Sabendo que o tempo não zera
Não para e não retorna
E o mundo que hoje o contorna
É diferente do que ele quisera
Pudera mudar o tempo
Viver a vida ao contrário
Ao invés do imaginário
Trilhar um rumo sabido
Não já por te vivido
Nem saber por boca alheia
Mas ir tecendo sua teia
Com a certeza das aranhas
Que conhecem todas as manhas
De toda a vida, a vida inteira
Não me arrependo de nada
Tudo que fiz foi valioso
Talvez nem tão virtuoso
Quanto o que alguns quisessem
Mas também, se me dissessem
O que esperavam de mim
Não teria sido assim
Do jeito que foi vivida
E de nada valeria a vida
Se não almejássemos um fim
Traçamos objetivos
Lutamos por nosso espaço
E a cada golpe e puaço
Que damos no lombo do tempo
Ficamos com o sentimento
De uma guerra bem guerreada
De uma luta bem truncada
Que dá gosto só de olhar
Muito mais participar
Forjando nossa jornada
E assim, o tempo que passa
É o tempo que já não temos
É um livro que já não lemos
Por conhecer sua história
Mas a vida não é simplória
E nos coloca em ebulição
Quando saímos do nosso chão
Em busca do futuro incerto
Mas deixando sempre por perto
Alguém para estender a mão
O lugar não é mais o mesmo
As pessoas desconhecidas
Mas quem garantiu que nestas idas
Haveria tranquilidade
Afinal, cá na cidade
É bem diferente do campo
E nosso único acalanto
É trazer os sentimentos
De ter vivido momentos
De alegrias e outros tantos
Quem um dia segue seu rumo
Traçado pelo destino
Não será um teatino
Perdido nos corredores
Pois terá em seus amores
A força infinita da vida
Conduzindo sua lida
Como quem conduz seu tesouro
Pois mais valioso que o ouro
É sua família querida.
Para Maria (esposa), Guilherme (filho) e Negão(cusco).
Leandro da Silva Melo
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