DESTINO
Baldeando o tempo num upa
O pensamento muda e disforma
Fica, vai e retorna
Trazendo imagens distantes
Momentos que foram instantes
Na hora, nem tão apreciados
Mas agora, depois de lembrados
Parecem bem mais importantes
Trazendo pro agora, o antes
De um hoje, que virou passado
Quando se pára pra pensar na vida
Se vislumbra a teia do tempo
E como magia, nesse momento
Se entende porque alguns caminhos
Que, às vezes, cruzamos sozinhos
Parecem que estavam traçados
E que até já os havíamos cruzado
Em tempos que já não lembramos
Que sem escolha pra trás deixamos
Mas no fim estarão enlaçados
Por mais que se escolha na vida
O resultado tende a ser o mesmo
Ninguém vive a esmo
Cada um tem seus objetivos
Dos mais sofisticados aos primitivos
Todos temos vontade
E até a desigualdade
É uma prova de coerência
Quando adquirimos a consciência
De que o fim é uma realidade
Nossa vida é um roteiro
Que pode ter mil reviravoltas
Mas, por mais que o mundo faça voltas
Sempre seguimos o rumo
E acertamos, novamente, o prumo
De acordo com o peso do fardo
No escuro, todo pelo é pardo
No clarear, enxergamos o horizonte
Do pouco fazemos um monte
E pra seguir em frente, eu não tardo
Embaixo de alguma pedra
Há de estar nosso destino
Descrito como num hino
Marcando nossa existência
Seguindo certa coerência
Relatos de quando em quando
A vida se vai levando
Como se nada soubéssemos
Mas, por mais que nós fizéssemos
O que está escrito, se vai realizando
Então, o que penso está dito
Não creio que tenhamos a rédea
E nem podemos fazer média
Com aquilo que está traçado
Cada um já nasce fadado
A cumprir seu papel neste chão
E por mais que tenha a ilusão
De manter sua vida guiada
Quando o índio está na chamada
É o destino que dá o tirão.
Leandro da Silva Melo
quarta-feira, 27 de março de 2013
quarta-feira, 20 de março de 2013
Solito
SOLITO
Me pego escutando o silêncio
Olhando a macega crescer
Será esse o viver
Até o fim de meus dias?
De minhas parcerias
Só restou o meu cusco
Dormindo, num lusco-fusco
De vez em quando acorda
E vira pra outra borda
Vivendo a vida que busco
A patroa se foi, faz tempo
O guri já ganhou o mundo
E eu, num jeitão vagabundo
Sigo uma rotina perversa
Com a qual não tem conversa
E nem tem parceria
Só uma casa vazia
Com seus estalos e ruídos
Nem dos bois há os mugidos
E eu me sinto sem serventia
Ah, se eu pudesse voltar
Viver a vida de outro jeito
Encarar, estufando o peito
Tudo aquilo que eu não fiz
Talvez eu fosse mais feliz
Por ter vivido mais a vida
E não tê-la perdida
Escolhendo o melhor dos caminhos
Porque agora, sozinho
Eu vejo o quanto será sofrida
A idade chega e não tarda
Tu sentes no lombo os puaços
Não tens mais força nos braços
Todos vão rindo de ti
E de tudo aquilo que vi
O desrespeito é o que mais machuca
Como uma picada de mutuca
Tu reages num pensamento severo
E como faz o Quero-quero
Desorienta num grito que educa
Mas o tempo foi e não volta
O passado já ficou pra história
Muita coisa, nem mais de memória,
Eu lembro daquilo que fiz
Só sei que tentei ser feliz
E fui, com família e amigos
E agora, pra todos, lhes digo
Obrigado por acreditarem em mim
E me fazerem feliz assim
Pelos caminhos que ainda sigo.
Leandro da Silva Melo
Me pego escutando o silêncio
Olhando a macega crescer
Será esse o viver
Até o fim de meus dias?
De minhas parcerias
Só restou o meu cusco
Dormindo, num lusco-fusco
De vez em quando acorda
E vira pra outra borda
Vivendo a vida que busco
A patroa se foi, faz tempo
O guri já ganhou o mundo
E eu, num jeitão vagabundo
Sigo uma rotina perversa
Com a qual não tem conversa
E nem tem parceria
Só uma casa vazia
Com seus estalos e ruídos
Nem dos bois há os mugidos
E eu me sinto sem serventia
Ah, se eu pudesse voltar
Viver a vida de outro jeito
Encarar, estufando o peito
Tudo aquilo que eu não fiz
Talvez eu fosse mais feliz
Por ter vivido mais a vida
E não tê-la perdida
Escolhendo o melhor dos caminhos
Porque agora, sozinho
Eu vejo o quanto será sofrida
A idade chega e não tarda
Tu sentes no lombo os puaços
Não tens mais força nos braços
Todos vão rindo de ti
E de tudo aquilo que vi
O desrespeito é o que mais machuca
Como uma picada de mutuca
Tu reages num pensamento severo
E como faz o Quero-quero
Desorienta num grito que educa
Mas o tempo foi e não volta
O passado já ficou pra história
Muita coisa, nem mais de memória,
Eu lembro daquilo que fiz
Só sei que tentei ser feliz
E fui, com família e amigos
E agora, pra todos, lhes digo
Obrigado por acreditarem em mim
E me fazerem feliz assim
Pelos caminhos que ainda sigo.
Leandro da Silva Melo
terça-feira, 19 de março de 2013
Velhos amigos
VELHOS AMIGOS
Fim de ano...
Fim de festa...
E de uma forma modesta
Como é bom rever os amigos
Os novos e os antigos
Que todo ano nos visitam
Abraçam, conversam e nos fitam
Em suas aparições faceiras
Demoradas ou ligeiras
Das memórias que hoje habitam
Alguns recebo em casa
De carne, osso, mala e mate
Outros, quando a saudade me bate
Recebo nos pensamentos
Recordando vários momentos
Que passamos juntos na história
Coisas boas, outras simplórias
Pois assim se conhece o amigo
É aquele que te dá o abrigo
Na boa hora ou na inglória
Mas cada amigo é um refúgio
Nos diferentes mundos que habito
Tenho poucos, eu admito
Mas são especiais para mim
E os mantenho assim
Guardados no fundo do peito
E em cada noite que deito
Agradeço os amigos que tenho
E mais uma vez eu venho
Homenageá-los assim, do meu jeito
E é por ordem cronológica
Que passo agora a citá-los
E também a incitá-los
Que voltemos a nos encontrar
O primeiro a se falar
É o Élton Luiz Zucatti
Amizade que no peito bate
Desde a segunda série
Vencendo qualquer intempérie
A mais de trinta anos, se date
Depois, com o movimento campeiro
Um gaúcho fazendo sua lida
Na Q Tal Tchê Pilchas, sua vida
Vem o amigo Luís Paulo Nunes
Que a história não nos deixou imunes
De pessoas de pouca luz
Mas que o tempo, aos poucos conduz
Para o seu lugar verdadeiro
E nos deixa aproveitar por inteiro
A vida a que fazemos jus
Outro amigo da lida
Cozinheiro e campeiro afamado
É o amigo Jason Delgado
Também Nunes é o sobrenome
Deste ilustre e grande homem
Tendo a Ana como parceira
Na Tia Gessi, foi a vez primeira
Que iniciamos a sintonia
Candeeiro do Sul e Harmonia
Amizade real e verdadeira
Outro amigo do peito
É o Marcelo Geremias
Campeiro das alegrias
Muitas andanças fizemos
Muito trago bebemos
Em rodeios, bailes e festas
São amizades tão modestas
Que até me atrevo a dizer
Que não há porque querer
Companhias melhores que estas
Meus amigos, agora lhes digo
Muito obrigado, de coração
É grande a satisfação
De ter um dia lhes encontrado
E a amizade lhes ter conquistado
Mantendo-a por tantos anos
Com sinceridade e sem enganos
Enraizando no fundo do peito
Deste gaudério, que sem muito jeito
Considera vocês como verdadeiros manos.
Leandro da Silva Melo
Fim de ano...
Fim de festa...
E de uma forma modesta
Como é bom rever os amigos
Os novos e os antigos
Que todo ano nos visitam
Abraçam, conversam e nos fitam
Em suas aparições faceiras
Demoradas ou ligeiras
Das memórias que hoje habitam
Alguns recebo em casa
De carne, osso, mala e mate
Outros, quando a saudade me bate
Recebo nos pensamentos
Recordando vários momentos
Que passamos juntos na história
Coisas boas, outras simplórias
Pois assim se conhece o amigo
É aquele que te dá o abrigo
Na boa hora ou na inglória
Mas cada amigo é um refúgio
Nos diferentes mundos que habito
Tenho poucos, eu admito
Mas são especiais para mim
E os mantenho assim
Guardados no fundo do peito
E em cada noite que deito
Agradeço os amigos que tenho
E mais uma vez eu venho
Homenageá-los assim, do meu jeito
E é por ordem cronológica
Que passo agora a citá-los
E também a incitá-los
Que voltemos a nos encontrar
O primeiro a se falar
É o Élton Luiz Zucatti
Amizade que no peito bate
Desde a segunda série
Vencendo qualquer intempérie
A mais de trinta anos, se date
Depois, com o movimento campeiro
Um gaúcho fazendo sua lida
Na Q Tal Tchê Pilchas, sua vida
Vem o amigo Luís Paulo Nunes
Que a história não nos deixou imunes
De pessoas de pouca luz
Mas que o tempo, aos poucos conduz
Para o seu lugar verdadeiro
E nos deixa aproveitar por inteiro
A vida a que fazemos jus
Outro amigo da lida
Cozinheiro e campeiro afamado
É o amigo Jason Delgado
Também Nunes é o sobrenome
Deste ilustre e grande homem
Tendo a Ana como parceira
Na Tia Gessi, foi a vez primeira
Que iniciamos a sintonia
Candeeiro do Sul e Harmonia
Amizade real e verdadeira
Outro amigo do peito
É o Marcelo Geremias
Campeiro das alegrias
Muitas andanças fizemos
Muito trago bebemos
Em rodeios, bailes e festas
São amizades tão modestas
Que até me atrevo a dizer
Que não há porque querer
Companhias melhores que estas
Meus amigos, agora lhes digo
Muito obrigado, de coração
É grande a satisfação
De ter um dia lhes encontrado
E a amizade lhes ter conquistado
Mantendo-a por tantos anos
Com sinceridade e sem enganos
Enraizando no fundo do peito
Deste gaudério, que sem muito jeito
Considera vocês como verdadeiros manos.
Leandro da Silva Melo
sexta-feira, 15 de março de 2013
Grita o Quero-quero
GRITA O QUERO-QUERO
Quero-quero gritou no campo
Alertando o índio na pampa
Quem conhece a lida se encanta
Com a presteza deste soldado
Sempre alerta e entonado
Passo firme, olhar severo
No esporão, seu marco zero
Do território que controla
É a trava e é a mola
E seu aviso é sempre um quero
Batedor de grandes planícies
Sentinela da pampa gaúcha
Estopim de canhão e garrucha
Frustrou muitos planos de espreita
Intrusos, não tolera nem aceita
Definiu batalhas no grito
Ecoou na pampa o mito
De que não relaxa nem na madrugada
É o clarim da invernada
E até peleia solito
Com sua farda cinzenta
Olhos de fogo e bem armado
Tem a parceira ao lado
Zelando pela família
Mas o Rio Grande não é uma ilha
E pra longe ele voou
Altos vôos ele alçou
Buscando novos horizontes
E muito além dos montes
Novas terras ele encontrou
Quero-quero é pro Rio Grande
O que a Águia é para a América
Dotado de uma coragem colérica
Nunca se afasta do ninho
Na ameaça, grita sozinho
Pro lado oposto da prole
Enquanto o filhote se encolhe
Ele chama a atenção do perigo
E mantém a família em abrigo
Até que da ameaça os isole
Mas caso a manobra fracasse
Aí veremos um guerreiro
Veloz como um lanceiro
Aos gritos e com vôos rasantes
Combate com o fervor dos amantes
Pelas coisas valiosas que tem
Família e a querência também
Na alma é um gaúcho de fato
Se houver invasão ou desacato
Vão sair por mal ou por bem
É um dos símbolos do Rio Grande
Ave pernalta e alerta
Com os outros do bando flerta
Numa revoada aos gritos
Ecoando nos infinitos
De nossas várzeas e baixadas
E até nas madrugadas
Serviram de alerta ao tropeiro
Quando seus gritos, primeiro
Avisaram da tropa estourada
Não pousa em moirão
Muito menos em árvore ou galho
Seu pouso é sem atrapalho
Na firme terra que pisa
E esse fato materializa
O que esse bicho traz no coração
A vontade de pisar neste chão
O que pra todo gaúcho é vero
Gritar como o Quero-quero
Rio Grande, minha querência, meu torrão.
Leandro da Silva Melo
Quero-quero gritou no campo
Alertando o índio na pampa
Quem conhece a lida se encanta
Com a presteza deste soldado
Sempre alerta e entonado
Passo firme, olhar severo
No esporão, seu marco zero
Do território que controla
É a trava e é a mola
E seu aviso é sempre um quero
Batedor de grandes planícies
Sentinela da pampa gaúcha
Estopim de canhão e garrucha
Frustrou muitos planos de espreita
Intrusos, não tolera nem aceita
Definiu batalhas no grito
Ecoou na pampa o mito
De que não relaxa nem na madrugada
É o clarim da invernada
E até peleia solito
Com sua farda cinzenta
Olhos de fogo e bem armado
Tem a parceira ao lado
Zelando pela família
Mas o Rio Grande não é uma ilha
E pra longe ele voou
Altos vôos ele alçou
Buscando novos horizontes
E muito além dos montes
Novas terras ele encontrou
Quero-quero é pro Rio Grande
O que a Águia é para a América
Dotado de uma coragem colérica
Nunca se afasta do ninho
Na ameaça, grita sozinho
Pro lado oposto da prole
Enquanto o filhote se encolhe
Ele chama a atenção do perigo
E mantém a família em abrigo
Até que da ameaça os isole
Mas caso a manobra fracasse
Aí veremos um guerreiro
Veloz como um lanceiro
Aos gritos e com vôos rasantes
Combate com o fervor dos amantes
Pelas coisas valiosas que tem
Família e a querência também
Na alma é um gaúcho de fato
Se houver invasão ou desacato
Vão sair por mal ou por bem
É um dos símbolos do Rio Grande
Ave pernalta e alerta
Com os outros do bando flerta
Numa revoada aos gritos
Ecoando nos infinitos
De nossas várzeas e baixadas
E até nas madrugadas
Serviram de alerta ao tropeiro
Quando seus gritos, primeiro
Avisaram da tropa estourada
Não pousa em moirão
Muito menos em árvore ou galho
Seu pouso é sem atrapalho
Na firme terra que pisa
E esse fato materializa
O que esse bicho traz no coração
A vontade de pisar neste chão
O que pra todo gaúcho é vero
Gritar como o Quero-quero
Rio Grande, minha querência, meu torrão.
Leandro da Silva Melo
quarta-feira, 13 de março de 2013
Churrasqueando
CHURRASQUEANDO
Pinga a graxa na brasa...
É a picanha chamando o fogo
E eu assino a rogo
Por ser o momento especial
Carne, espeto, fogo e sal
É só o que precisa o vivente
Cuia, bomba, erva e água quente
Pra ajudar a digestão
É o que completa a ocasião
E lava a alma da gente
Toda a carne tem um preparo
Próprio e individual
Não são tratadas por igual
Pois cada uma tem um sabor
E o verdadeiro assador
Não deixa a carne queimar
Mantém o suco e um dourar
Que dão água na garganta
E um sabor que a todos encanta
Na hora de churrasquear
A costela pode ser assada
Depois de espetada e com sal grosso
Deixa pro fogo o lado do osso
E controla pra não torrar
Pois depois quando virar
Falta pouco pra ficar pronta
E o gosto de cada um é o que conta
Pra servir, bater o excesso de sal
Faz parte do ritual
Que aos velhos tempos remonta
O vazio ou a fraldinha
Como gostam de chamar
Tem que ter cuidado ao assar
Pois não tem muito osso e gordura
Podendo ficar seca e dura
Se deixar muito tempo assando
Ela vai enrijecendo e secando
Perdendo o sabor de assada
O melhor é servir mal-passada
Pra que todos fiquem apreciando
Temos então, a picanha
A princesa do churrasqueiro
Nunca vai ao fogo primeiro
Pois esta não pode secar
Em torno de um quilo deve pesar
Com uma capa de gordura
É o Rio Grande em miniatura
Manuseada com devoção
Cortada em medalhão
E assada sem muita frescura
E ainda falando em picanha
É tão intenso o seu sabor
Que a muito já deixou o calor
Do fogo e brasa galponeiro
Pra servir, pelo mundo inteiro
Nos melhores restaurantes
Pratos à carne, aos viajantes
Propiciando a todo o mundo
O que sabemos lá no fundo
E saboreamos de muito antes
E tem ainda muitos outros cortes
De gado, porco ou galinha
lingüiça, ripa ou maminha
Opções é que não faltam
E a olhos vistos saltam
A beleza e o sabor do churrasco
Que a despacito eu lasco
Sentindo o sabor da querência
Mescla de sal e essência
Sovada no bater de cascos.
Leandro da Silva Melo
Pinga a graxa na brasa...
É a picanha chamando o fogo
E eu assino a rogo
Por ser o momento especial
Carne, espeto, fogo e sal
É só o que precisa o vivente
Cuia, bomba, erva e água quente
Pra ajudar a digestão
É o que completa a ocasião
E lava a alma da gente
Toda a carne tem um preparo
Próprio e individual
Não são tratadas por igual
Pois cada uma tem um sabor
E o verdadeiro assador
Não deixa a carne queimar
Mantém o suco e um dourar
Que dão água na garganta
E um sabor que a todos encanta
Na hora de churrasquear
A costela pode ser assada
Depois de espetada e com sal grosso
Deixa pro fogo o lado do osso
E controla pra não torrar
Pois depois quando virar
Falta pouco pra ficar pronta
E o gosto de cada um é o que conta
Pra servir, bater o excesso de sal
Faz parte do ritual
Que aos velhos tempos remonta
O vazio ou a fraldinha
Como gostam de chamar
Tem que ter cuidado ao assar
Pois não tem muito osso e gordura
Podendo ficar seca e dura
Se deixar muito tempo assando
Ela vai enrijecendo e secando
Perdendo o sabor de assada
O melhor é servir mal-passada
Pra que todos fiquem apreciando
Temos então, a picanha
A princesa do churrasqueiro
Nunca vai ao fogo primeiro
Pois esta não pode secar
Em torno de um quilo deve pesar
Com uma capa de gordura
É o Rio Grande em miniatura
Manuseada com devoção
Cortada em medalhão
E assada sem muita frescura
E ainda falando em picanha
É tão intenso o seu sabor
Que a muito já deixou o calor
Do fogo e brasa galponeiro
Pra servir, pelo mundo inteiro
Nos melhores restaurantes
Pratos à carne, aos viajantes
Propiciando a todo o mundo
O que sabemos lá no fundo
E saboreamos de muito antes
E tem ainda muitos outros cortes
De gado, porco ou galinha
lingüiça, ripa ou maminha
Opções é que não faltam
E a olhos vistos saltam
A beleza e o sabor do churrasco
Que a despacito eu lasco
Sentindo o sabor da querência
Mescla de sal e essência
Sovada no bater de cascos.
Leandro da Silva Melo
Deus fogo
DEUS FOGO
Assim que descobriu o fogo
O homem inventou o assado
E viu o mundo alterado
No domínio dessa ciência
Pra fazer fogo hay de ter paciência
De se esperar um raio nos dias de tempestade
À roçar gravetos ou pedras na mesma Idade
Pra muitos, o fogo é um Deus
E hoje, iluminando breus
Resgata um tempo que deixou saudade
Usado como arma de guerra
Inspirou vilões e mocinhos
Que o atearam pelo caminho
Destruindo fundações
Campos, matas e plantações
Mas ao tempo que queimava
A terra, então, preparava
Adubando-a com cinza e história
Mesclando povos e glórias
Nas gerações que lá vingava
E foi assim, de antepassados
Que recebemos esta rica herança
Que aprendemos desde criança
A respeitar, sem brincadeira
Pois o aviso vinha de primeira
Quem brinca com fogo mija na cama
E o pior de tudo era ter a fama
De guri cagado e mijão
E ainda se pode queimar a mão
Por alguém que a gente ama
Mas o maior legado de todos
É o assar do nosso churrasco
Nas estradas marcadas de casco
Na sombra da grande figueira
Se prepara, no início, a fogueira
Depois, vira só um braseiro
E a alma do índio campeiro
Tal qual as labaredas
Passeia pelas veredas
Exalando do churrasco seu cheiro
Tem muitos que acham, até
Que o aroma da carne na brasa
Traz consigo um cheiro de casa
De quando éramos guri
Todos reunidos ali
Ao redor da churrasqueira
olhando queimar a madeira
Numa terna comunhão de famílias
Pais, mães, filhos e filhas
Numa irmandade que não tem fronteira.
Leandro da Silva Melo
Assim que descobriu o fogo
O homem inventou o assado
E viu o mundo alterado
No domínio dessa ciência
Pra fazer fogo hay de ter paciência
De se esperar um raio nos dias de tempestade
À roçar gravetos ou pedras na mesma Idade
Pra muitos, o fogo é um Deus
E hoje, iluminando breus
Resgata um tempo que deixou saudade
Usado como arma de guerra
Inspirou vilões e mocinhos
Que o atearam pelo caminho
Destruindo fundações
Campos, matas e plantações
Mas ao tempo que queimava
A terra, então, preparava
Adubando-a com cinza e história
Mesclando povos e glórias
Nas gerações que lá vingava
E foi assim, de antepassados
Que recebemos esta rica herança
Que aprendemos desde criança
A respeitar, sem brincadeira
Pois o aviso vinha de primeira
Quem brinca com fogo mija na cama
E o pior de tudo era ter a fama
De guri cagado e mijão
E ainda se pode queimar a mão
Por alguém que a gente ama
Mas o maior legado de todos
É o assar do nosso churrasco
Nas estradas marcadas de casco
Na sombra da grande figueira
Se prepara, no início, a fogueira
Depois, vira só um braseiro
E a alma do índio campeiro
Tal qual as labaredas
Passeia pelas veredas
Exalando do churrasco seu cheiro
Tem muitos que acham, até
Que o aroma da carne na brasa
Traz consigo um cheiro de casa
De quando éramos guri
Todos reunidos ali
Ao redor da churrasqueira
olhando queimar a madeira
Numa terna comunhão de famílias
Pais, mães, filhos e filhas
Numa irmandade que não tem fronteira.
Leandro da Silva Melo
Pedras do caminho
PEDRAS DO CAMINHO
Muitos falam de pedras
Que encontramos nos caminhos
Que atiram em passarinhos
Ou que jogam nas vidraças
Usadas até na desgraça
Em apedrejamentos cruéis
Onde se dizem fiéis
A uma cultura covarde
Onde o ódio pulsa e arde
Matando os infiéis
Gosto de pensar nas pedras
Erguendo habitações
Encantando corações
Pontilhando belos caminhos
Marcos arredondados e branquinhos
Traçando por entre as matas
O caminhar de quatro patas
De uma gigante altaneira
É a mãe natureza faceira
Se exibindo de forma abstrata
Mas algo de novo ocorreu
Descobri uma pedra só minha
Que eu nem sabia que tinha
Mas ela se mostrou pra mim
Decidiu sair do meu rim
E partir de ruma à bexiga
E iniciou então uma briga
Pra descer por um caminho estreito
E num ponto não teve mais jeito
E era dor, da lombar à barriga
Era um final de tarde
Pra mim, começou como do nada
A musculatura parecia travada
Dor nas costas e pra caminhar
Quase tive que renguear
Mal conseguia dirigir
Me concentrei e disse: vou ir
Janela aberta, ar ligado, respira fundo
Concentra no caminho, esquece o mundo
Só assim pude conseguir
Maria me levou pra clínica
Lá não perderam nem um momento
De cara pro medicamento
Demorou pra fazer efeito
Mas depois apaguei de um jeito
E dormi por mais de hora
A dor se foi embora
Mas fui avisado que iria voltar
E a solução seria internar
Pra tirar aquela pedra pra fora
E foi assim que se deu
O laser estilhaçando a dita
Como rocha que vira brita
Saiu lá de dentro em pedaços
Findando latejar e puaços
Momentos que lembro ao escrever
Mas que espero nunca mais ter
Apesar de saber que é da vida
Ultrapassar etapa dolorida
Pra dar mais valor ao prazer.
Leandro da Silva Melo
Muitos falam de pedras
Que encontramos nos caminhos
Que atiram em passarinhos
Ou que jogam nas vidraças
Usadas até na desgraça
Em apedrejamentos cruéis
Onde se dizem fiéis
A uma cultura covarde
Onde o ódio pulsa e arde
Matando os infiéis
Gosto de pensar nas pedras
Erguendo habitações
Encantando corações
Pontilhando belos caminhos
Marcos arredondados e branquinhos
Traçando por entre as matas
O caminhar de quatro patas
De uma gigante altaneira
É a mãe natureza faceira
Se exibindo de forma abstrata
Mas algo de novo ocorreu
Descobri uma pedra só minha
Que eu nem sabia que tinha
Mas ela se mostrou pra mim
Decidiu sair do meu rim
E partir de ruma à bexiga
E iniciou então uma briga
Pra descer por um caminho estreito
E num ponto não teve mais jeito
E era dor, da lombar à barriga
Era um final de tarde
Pra mim, começou como do nada
A musculatura parecia travada
Dor nas costas e pra caminhar
Quase tive que renguear
Mal conseguia dirigir
Me concentrei e disse: vou ir
Janela aberta, ar ligado, respira fundo
Concentra no caminho, esquece o mundo
Só assim pude conseguir
Maria me levou pra clínica
Lá não perderam nem um momento
De cara pro medicamento
Demorou pra fazer efeito
Mas depois apaguei de um jeito
E dormi por mais de hora
A dor se foi embora
Mas fui avisado que iria voltar
E a solução seria internar
Pra tirar aquela pedra pra fora
E foi assim que se deu
O laser estilhaçando a dita
Como rocha que vira brita
Saiu lá de dentro em pedaços
Findando latejar e puaços
Momentos que lembro ao escrever
Mas que espero nunca mais ter
Apesar de saber que é da vida
Ultrapassar etapa dolorida
Pra dar mais valor ao prazer.
Leandro da Silva Melo
Um amigo que vai
UM AMIGO QUE VAI
Quando o índio solito reflete
Ensimesmado no seu próprio ser
Descobre em si o poder
De reviver o tempo passado
Nas parcerias que tem a seu lado
Pois hoje eu me despedi
De um amigo guri
Que vai iniciar nova jornada
Pra mim já esperada
Pelo que dele conheci
Índio de muita valia
Amigo, parceiro, humanista
Poderia fazer uma lista
De tantos adjetivos
Mas não é o objetivo
Ficar espichando o verso
E, pra não ser controverso
Vou encerrar logo essa rima
Porque se as qualidades lhe viessem por cima
Com certeza ficaria submerso
Assim é o amigo Toninho
Muito mais que um Patrão
É capataz, fiador e peão
É o fio do bigode de agora
É confiança, sem juros e nem mora
É o parceiro que nunca diz não
Mesmo quando sofre o tirão
“Masca o papel atrás da porta”
Com os amigos, depois, se reconforta
Mas não estraga, por nada, a ocasião
Aprendi muito contigo
Ilustre mestre e poeta
Homem de personalidade inquieta
Sempre envolvido em alguma façanha
Sem fazer corpo mole nem manha
Enfrentando distâncias e desafios
Serpenteando como fazem os rios
Pra desviar de seus obstáculos
Líder, de muitos tentáculos
Que nos iluminou nos tempos sombrios
Obrigado, meu amigo
Patrão, poeta e parceiro
Pena o tempo ter passado ligeiro
E ter-se encerrado este convívio
Mas, o que me traz certeza e alívio
É que vamos nos encontrar ali na frente
Enquanto isso, fica na mente
Os bons momentos que repartimos
E aquilo tudo que sentimos
Ao ter um amigo, eternamente.
Leandro da Silva Melo
Quando o índio solito reflete
Ensimesmado no seu próprio ser
Descobre em si o poder
De reviver o tempo passado
Nas parcerias que tem a seu lado
Pois hoje eu me despedi
De um amigo guri
Que vai iniciar nova jornada
Pra mim já esperada
Pelo que dele conheci
Índio de muita valia
Amigo, parceiro, humanista
Poderia fazer uma lista
De tantos adjetivos
Mas não é o objetivo
Ficar espichando o verso
E, pra não ser controverso
Vou encerrar logo essa rima
Porque se as qualidades lhe viessem por cima
Com certeza ficaria submerso
Assim é o amigo Toninho
Muito mais que um Patrão
É capataz, fiador e peão
É o fio do bigode de agora
É confiança, sem juros e nem mora
É o parceiro que nunca diz não
Mesmo quando sofre o tirão
“Masca o papel atrás da porta”
Com os amigos, depois, se reconforta
Mas não estraga, por nada, a ocasião
Aprendi muito contigo
Ilustre mestre e poeta
Homem de personalidade inquieta
Sempre envolvido em alguma façanha
Sem fazer corpo mole nem manha
Enfrentando distâncias e desafios
Serpenteando como fazem os rios
Pra desviar de seus obstáculos
Líder, de muitos tentáculos
Que nos iluminou nos tempos sombrios
Obrigado, meu amigo
Patrão, poeta e parceiro
Pena o tempo ter passado ligeiro
E ter-se encerrado este convívio
Mas, o que me traz certeza e alívio
É que vamos nos encontrar ali na frente
Enquanto isso, fica na mente
Os bons momentos que repartimos
E aquilo tudo que sentimos
Ao ter um amigo, eternamente.
Leandro da Silva Melo
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