TEMPO FEIO
Bastou entrar setembro
E o tempo já foi mudando
O sol forte e o céu limpando
Prenunciavam a Primavera
Mudavam a cara tapera
De um inverno encardido
Um agosto descolorido
De muita chuva e umidade
Que não vai deixar saudade
Nem precisava ter existido
Fazia tempo que o inverno
Não se mostrava assim tão nojento
De mau-humor e lamuriento
Parecendo querer marcar
Nas almas o seu passar
Esquecendo que é itinerante
E que as estações que vem por diante
Vão levá-lo ao esquecimento
E a tristeza e o sofrimento
Serão sentimentos distantes
Pra que tanta água em pouco tempo?
Pra que tanta fúria sobre este povo?
Quisera começar de novo
De uma maneira mais branda
Mostrando que é tu que mandas
Mas com categoria
De uma forma sadia
Uma chuva, um friozinho, até uma neve
Mas de uma forma breve
Era só o que a gente queria
Já não tens uma fama tão boa
Muitos nem gostam de ti
E na oportunidade de te redimir
Que te é dada a cada ano
Insistes no modo insano
De descambar sem limites
Deixando a todos tristes
Pelo teu modo de agir
Que sem pensar nem sentir
No erro ainda persistes
Mas não te abichorna, tempo véio
Terás logo ali outra chance
E, se lembrar, assim de relance
Vai ver nos tempos passados
A importância dos teus legados
De quando soprava o Minuano
Bendito vento aragano
Que decidiu muita batalha
Fazendo do poncho, mortalha
Dos que lutavam com pouco pano
Mas hoje, inverno bagual
Já não trazes o vento de antes
O Minuano que vinha dos Andes
Se desvia pelos caminhos
E os ventos, outrora sozinhos
Hoje trazem nuvens carregadas
Que se libertam, debruçadas
Por sobre os estados do sul
Escondendo, por dias, o azul
do céu, onde estão penduradas
E é este mesmo céu que agora vejo
Num azul já visto a milênios
Servindo pra nós como prêmio
Por mais um inverno que acaba
Lá se vai uma estação braba
Vem chegando o tempo de flores
Rebrotando do chão os amores
Que sentimos por nossa terra
E que nenhum inverno encerra
Por mais que nos traga dores.
Leandro da Silva Melo
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