quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Rastros de prata

RASTROS DE PRATA


Lua linda e querendona
Ilumina rancho e morada
Lá no céu dependurada
Vigiando campo e potreiro
Traz nas sombras dos terreiros
Fantasmas de minha ilusão
Ao ofuscar do teu clarão
Por nuvens despretensiosas
Que se tornam vaidosas
Ao se verem lá no chão

Mas quando o céu está limpo
E a lua está bem cheia
O índio velho boleia
Pensamentos pro horizonte
Mirando acima dos montes
O belo farol que ilumina
E emoldura a nuance das chinas
Debruçadas no parapeito
Enfeitiçadas com esse seu jeito
De doce e meiga menina

É quando tu vestes prata
Que a querência fica mais linda
E tu mais bonita ainda
Por entre galhos e espinhos
Vai clareando os caminhos
Refletida em águas calmas
Acalmando nossas almas
Ao bombear tua beleza
Esquecemos as tristezas
Nossos medos, nossos traumas

Nos tempos de guri no campo
Sempre que era lua cheia
Já diziam: Não te fresqueia
Que é noite de lobisomem
Hoje cresci e tornei-me homem
Que não tem medo de bruxaria
Seja de noite ou de dia
Campeio até o horizonte
Subo e desço montes
Até onde a lua alumia

Sigo teus rastros de prata
No corredor de chão batido
Escuto das esporas o tinido
E o bate cascos do meu cavalo
Na mala de garupa um regalo
Para adornar minha prenda
Pois quando chegar na fazenda
Sei que vai estar me esperando
Olhando a lua, mateando
Enfeitando o vestido com renda

E assim, nestas noites claras
Iluminadas quando tu brilhas
Vou seguindo na vigília
Cuidando do que é meu
Pois se o Patrão Velho me deu
Prenda, cusco e querência
Porquê querer outra vivência
Distante de tudo isso
Se aqui ainda tem o feitiço
De amores, luares e decência.



Leandro da Silva Melo






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