CHIMARREANDO
No velho fogo campeiro
Aquento a água pro mate
Em roda, um cusco que late
Sempre presente... companheiro
Talvez também sinta aquele cheiro
De erva buena cevada ao relento
Erguendo aroma de mato ao vento
Trazendo consigo lembranças... taperas
Levando verdades, um tanto sinceras
Mas deixando a alma, que com mate aquento
Do cerne das matas se iguala
Em cores, tons e até no cheiro
Com verdes e mais verdes por inteiro
Com sabor e espuma baguala
Que o índio sorvendo, nem fala
Redemoinhando pensamentos mal-domados
Como fletes xucros ainda embretados
Atropelando pra sair da mangueira
Lembrando da vida campeira
Com a cuia e o pala enlaçados
Por quantas vezes solito
Em ti encontrei parceiro
Por ter este jeito campeiro
Até muitos te acham esquisito
E não reconhecem teu valor infinito
Da água quente cevando a erva cheirosa
Em roda do fogo, lembrando uma prosa
Daquelas cuiudas... bem galponeiras
Olhando ao céu a estrela boieira
Enganando a solidão, um tanto manhosa.
Leandro da Silva Melo
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