MATEADAS
Mateio por estar solito
Mateio pra matar a sede
Me recosto junto à parede
Pra dar um vistaço no campo
Na canhota, como um acalanto
Empunho a cuia morena
E, num padrão, como emblema
Eu sorvo a água esverdeada
Apreciando esta mateada
Como se escrevesse um poema
Mateio com minha prenda
Enquanto conversamos do dia
As decepções e alegrias
De uma vida atribulada
E aproveitamos a mateada
Pra serenar as nossas mentes
Desvencilhar os ambientes
Quando o dia chega ao fim
Repatriando pra ela e pra mim
As emoções que estavam ausentes
Mateio com os amigos
Numa roda de chimarrão
Onde amizade e tradição
Transformam em alegria
Esses momentos do dia
Em que conversamos de tudo
E só se fica mudo
Enquanto sorvemos o mate
Mas logo voltamos ao debate
No nosso jeitão macanudo
Mateio com os colegas
Em nosso ambiente de serviço
Pra alguns é só mais um vício
Pois não gostam de matear
Mas, diferente do fumar
Este ritual não prejudica
E torna a convivência mais rica
No simbolismo de alcançar o mate
Ameniza o clima de embate
E o calor humano intensifica
Mateio ao findar a tarde
No aconchego do meu rancho
E faço do mate um gancho
Pra pendurar meu cansaço
Da erva eu faço um laço
Pra enrodilhar meus pensamentos
Pela bomba, sorvo momentos
De sabor e de alegria
Por ter terminado mais um dia
Seguindo meus fundamentos.
Leandro da Silva Melo
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