CHUVA DE VERÃO
Batendo água, de novo...
A noite clareia com os raios
A chuva cai de balaio
E o vento sopra com força
Assusta e dá medo na moça
Que se encolhe na cozinha
Enquanto a tormenta se encaminha
Em direção ao horizonte
Turvando a água da fonte
E trovoando em ladainha
O rio transbordou, de novo...
Inundou várzea e campo
Desalojou o pirilampo
Molhou o sal da boiada
Deixou a mata encharcada
E o caminho se fez lodo
Com o gado se espremendo todo
Debaixo do velho capão
Escarvando com a pata no chão
Como que puxando um rodo
Acompanhei de perto o aguaceiro
Torcendo pra que findasse
E o pátio não inundasse
Pondo em risco o sobrado
Não sou um xiru assustado
Mas já passei por uns apertos
E entre erros e acertos
Aprendi a não facilitar
Porque a água da chuva ou do mar
Quando invade, não tem conserto
Mas a tormenta foi enfraquecendo
Virou quase um chuvisqueiro
Ao longe se via o luzeiro
Dos relâmpagos se distanciando
Os trovões se acalmando
E a vida voltando ao normal
É a natureza nos dando um sinal
De que é ela que manda no mundo
E que mesmo com o plantio mais profundo
Tudo se enverga no temporal.
Leandro da Silva Melo
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