domingo, 5 de maio de 2013

De alma lavada

DE ALMA LAVADA

Não há na vida, momento
Melhor do que a alma lavada
A resposta tão esperada
É dada com tapa de luva
A espinha, nem em pensamento se curva
E passamos de cabeça erguida
Mostrando que as voltas da vida
Só serviram pra nos fortalecer
E aos amigos eu ei de dizer:
_ Continuo firmezito na lida

“Não tá morto quem peleia”
Dizia o velho ditado
E eu que andava estropiado
Rengueando, troncho e caolho
Espremendo pedra pra comer o molho
De repente botei o brete abaixo
Apertei o barbicacho
E tapeei o chapéu na testa
Juntei o que de bom me resta
E dali saí ao facho

Não olhei pra trás
Não por medo ou receio
Mas por não aguentar o anseio
De me desvencilhar daquelas manilhas
E galopei por muitas milhas
Sem esquecer meus parceiros
Que sempre serão os primeiros
Aos quais vou estender as mãos
Pois pra mim foram irmãos
Colegas, amigos e guerreiros

Afiei a lança na pedra
Limpei garrucha e fuzil
Enchi de canha o cantil
E me preparei pro entrevero
Minha alma chegou primeiro
E foi preparando o terreno
Pra que eu chegasse sereno
Ao novo rancho de lida
E recomeçasse a vida
Visando um futuro pleno

E por lá agora estou
Cercado de novos amigos
Alinhavando meus cerzidos
Da minha vida de retalhos
Fechando e curando talhos
Reconstruindo minha história
Buscando na minha memória
Somente o que houve de bom
Prevendo, relembro o som
Dos festejos de minha glória.


Leandro da Silva Melo




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