FLOR DE MAÇANILHA
No velho ritual pampeano
Da erva, da cuia e do mate
Por mais que do assunto se trate
Sempre haverá o que falar
E no nosso chulo linguajar
Relembramos receitas campeiras
Repassadas no chiar das chaleiras
No calor de um fogo de chão
Ou em pé, ao redor do fogão
Nas eternas horas mateadeiras
A erva já tem sua essência
Sabor, cor e aroma
E a tudo isso se soma
Os chás e as ervas do mato
Que ao caminhar pelo campo eu cato
E reservo pra hora apropriada
No momento de nossa mateada
Ao preparar um chimarrão com carinho
Eu adiciono à erva um pouquinho
Do que nos fornece nossa terra amada
Enquanto proseio com o mate
E abraço a cuia morena
O vapor da água quente me acena
E me instiga com o sabor das manhãs
Laranjeira, maçanilha, hortelãs
Boldo, malva, cidreira
Fazem parte das misturas campeiras
No preparo de um bom chimarrão
E a carqueja e o caraguatá também são
Parcerias, especiais de primeira
O aroma das ervas que inalo
Me transporta aos meus tempos de guri
Que ao andar nas trilhas, por aí
Encontrava, emoldurando as coxilhas
Flores de maçanilha
Que catava e nas mãos espremia
E aquele perfume, eu sabia
Levaria para a vida inteira
É a pura essência campeira
Que embriaga minha nostalgia.
Leandro da Silva Melo
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