sábado, 27 de outubro de 2012

Não te acadela, vivente!

NÃO TE ACADELA, VIVENTE!

Faz tempo que o pensamento
Me esgrima num desaforo
Mas quem distingue boi de touro
Conhece a lida de campo
E não se perde de encanto
Por amigos de meia boca
Que por coisa muito pouca
Te deixam num entrevero
E pra correr são os primeiros
Numa disparada louca

Depois falam dos queras
Crias do meu Rio Grande
Mas onde quer que se ande
Se encontra gaúchos de fato
São homens e não são ratos
No teor da dignidade
E fazem jus à amizade
E te apoiam até o fim
São adeptos do sim
Palanques firmes de hombridade

É triste ver os parceiros
Se acadelando atrás do toco
E é coisa que me deixa louco
Ver a falsidade se dando bem
E a vontade que se tem
É de baixar o mango no lombo
Ficar escutando o tombo
E a disparada dos demais
Deixando os outros pra trás
Como revoada de pombo

É nessa hora vivente
Em que aperta o nó da corda
Que tu vê saltar pras bordas
A verdade de cada um
Começa com um pequeno pum
E se escancara com uma borrada
E são esses bunda cagada
Que se intitulam teus amigos
Só olham pros próprios umbigos
E não se importam com mais nada

Mas, às vezes, até que é bom
Tu passar por provações
Pois as reais intenções
Contidas pelos covardes
Emergem sem grandes alardes
E tu separa o joio do trigo
Reconhece os verdadeiros amigos
Te desfaz do que não presta
E abraça mais firme o que resta
E leva embora contigo

Por isso agora eu venho
Declarar aos meus parceiros
Contem comigo por inteiro
Em qualquer situação que ocorra
Se der morte, que a gente morra
Mas vamos juntos, de forma descente
Pois amigo meu é minha gente
E seguiremos junto peleando
E a todos eu vou gritando:
Não te acadela, vivente!


Leandro da Silva Melo


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